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Os 7 comerciais mais bizarros dos games

Victor Bianchin

25/12/2019 04h00

Então é Natal e eu não sei o que você fez, mas, da minha parte, eu preparei uma listinha de comerciais horríveis de videogames.

"O que isso tem a ver com Natal", perguntará o astuto leitor, ao que eu responderei: oras, se o Sonic pode ter um relacionamento zoófilo com uma humana, eu também posso fazer um post de Natal sobre comercial de videogame.

"O que uma coisa tem a ver com a outra?". Mas quanta pergunta, cadê o espírito natalino?

1) O PlayStation 3 reinventa o Chucky

Alguém na Sony estava muito chapado quando resolveu aprovar esse comercial para o PS3, que mais parece um curta experimental feito por um estudante de Cinema que usa costeletas não-ironicamente.

O vídeo todo se resume a uma boneca de plástico reagindo de forma assustadora à mera presença do console.

Até onde temos informação, essa reação com o PS3 só foi vista na vida real quando os jogadores colocaram Duke Nukem Forever para rodar.

2) Hey You, Pikachu é um jogo para crianças infelizes

O grande problema deste comercial de 2000, além de sua duração longuíssima (quase 3 minutos, o que é o tempo máximo que toleramos o De Férias Com o Ex sem uma cena de barraco), é o lar infeliz em que ele aparentemente se passa.

O menino protagonista solta frases como "o Pikachu escuta! Se ao menos minha família fizesse o mesmo…", ou então "você precisa fazer o Pikachu confiar em você; coisas assim não acontecem do dia pra noite" e ainda "isso é um sonho que virou realidade – estou falando do Pikachu ser meu melhor amigo".

Claramente uma criança traumatizada e abandonada emocionalmente.

Mas talvez a pior parte seja ele dizendo que esse jogo "requer paciência" e que "paciência é uma virtude". Parece uma mãe solteira respondendo pro filho sobre quando o pai dele vai finalmente voltar da loja onde foi comprar cigarros cinco anos atrás.

3) Yoshi's Island vai fazer você gorfar

O conceito desse comercial é tão absurdo que, pra você entender, ele precisa desenhar logo no começo: "quando o demais é demais? Para descobrir, nós tacamos tudo no Super Mario World 2: Yoshi's Island".

O que vem a seguir são imagens intercaladas do game e de um homem obeso comendo de forma nojenta em um restaurante. É a pior analogia do mundo, associando uma variedade de recursos e mecânicas de jogo a uma vontade irrefreável de comer excessivamente.

Além de gordofóbico, reforçando a ideia de que toda pessoa gorda come de modo nojento e não é capaz de se controlar à mesa, o comercial também associa o jogo à noção de cessão aos impulsos, o que é definitivamente um jeito bem ruim de tentar vender algo.

Ah, e no final o cara explode e o suco gástrico dele voa para todo lado. Se você prestar bem atenção, dá para ouvir o som dos caras do Monty Python revirando os olhos lá na Inglaterra.

4) Zelda: agora um musical off-Broadway

O ano era 1991 e a cultura pop tinha duas obsessões: MTV e Michael Jackson. A estética que o cantor criou em seus videoclipes influenciou gerações de jovens diretores e rendeu muitas pérolas mundo afora.

Este comercial de A Link to the Past é uma delas, trazendo um monte de atores vestidos como os personagens do jogo e dançando uma coreografia enquanto tentam salvar a princesa Zelda. E olha que "tentam" é generosidade da nossa parte, pois, quando você invade uma masmorra dançando uma coreografia, nossa suspeita é de que você esteja mais interessado em divar do que em cumprir uma missão.

Os efeitos especiais dignos de Jaspion e Jiraya são a cereja no bolo.

5) "A Mosca", by Sega

Em 1990, 30 anos antes de Breaking Bad exibir seu famoso episódio do mosquito, a Sega, essa pioneira empresa do entretenimento, lançou sua própria versão desse clássico.

Era um comercial do Mega Drive e só durava 30 segundos, sim, mas quem disse que isso é defeito? Você é que é prolixo, Vince Gilligan.

No comercial, um mosquito circunda um jogador até pousar em sua testa. O telespectador é então brindado com cenas em close do mosquito chupando sangue e engordando até que, no final, o jogador mete um jornal na própria cara para matar o bicho.

O que isso diz sobre o Mega Drive? Meu querido, aqui é Cinecittà, O Sétimo Selo, Rosebud. Você que vá procurar comercial pedestriano na Nickelodeon.

6) O Xbox vai matar você

O comercial principal do lançamento do primeiro Xbox foi criado para viralizar por e-mail (pois, naquela época, não existia YouTube) e ficou tão famoso online que passou a ser exibido na TV. Ele também se tornou célebre por ter sido banido no Reino Unido.

Basicamente, o vídeo de 2002 mostra uma mulher dando à luz e o bebê voando pela janela do hospital, envelhecendo todo o tempo de uma vida enquanto cruza pelos céus e finalmente caindo como um meteoro em uma cova num cemitério. Aí entra o slogan: "a vida é curta, jogue mais".

A relação entre o vídeo e o produto que ele divulgava era tênue, se formos ser honestos. E o comercial ficou mais famoso pelas polêmicas do que pela qualidade.

Mas, hey, seremos sempre a favor de propagandas com velhinhos pelados voando pelo céu. Tá na nossa lista de objetivos para quando chegarmos à terceira idade.

7) O comercial do Sega Saturn traumatizou sua infância

Olha a Sega traveiz!

Em 1995, a empresa apostava tão alto no sucesso do Sega Saturn que lançou essa cornucópia de sons e imagens corajosamente apelidada de "comercial". São 8 minutos de cenas aleatórias misturadas com capturas de jogos e amarradas por um conceito sci-fi futurístico meio creepy.

A mulher careca com os anéis na cabeça e sua voz críptica já era assustadora o suficiente, mas as esquetes adicionais de um fisiculturista exibindo o console e de uma madame servindo o Saturn numa bandeja certamente não ajudavam.

E ainda tinha as vinhetas do "Theater of The Eye", que mostravam os órgãos do corpo entrando em colapso devido ao choque causado pelas maravilhas do Saturn.

Cara, o audiovisual nos anos 90 era uma parada meio assim: as pessoas chegavam nas reuniões, tomavam duas cartelas de LSD e anotavam tudo que falavam. 15 dias depois, quando o último membro da equipe saía do coma induzido, essas pessoas jogavam todas as anotações da reunião pro alto e o que caísse virado pra cima era filmado.

Foi assim que tiveram origem o filme Pare, Senão Mamãe Atira!, a série live-action do Super Mario e aquele episódio de Blossom em que ela sonha que é a Madonna. True story.

Sobre o Autor

Victor Bianchin é jornalista, já foi editor da revista Mundo Estranho e escreveu um almanaque de games. Ele tem um Rush de estimação e considera a técnica do button mashing algo subestimado.

Sobre o Blog

Em Control Freak você vai ficar por dentro das curiosidades, bizarrices e polêmicas saudáveis do universo dos games.